sábado, 31 de março de 2012

Tênis velho, melancolia e saudade.


Peguei aquele meu tênis velho e imundo que tu gosta tanto e comecei a odiar o mundo por essa coisa de distância, por não podermos nos teletransportar pros braços de alguém.
Pensei também que tu ia sair hoje, como nós fazíamos todos os finais de semana juntas, pensei que tu ia beber até pagar mico por aí, mas sem mim, dessa vez. Juro que te vi tonta e dizendo que estava tudo bem, juro que te vi ficando bem na marra pra me cuidar, afinal eu sou mais vulnerável e tu sabe disso, uma das poucas pessoas que sabe disso.
A pouco o Rafa abriu meu ares e reparou uma música e disse que não sabia que eu gostava dela, e eu disse que isso não era coisa minha, e era coisa tua, afinal tudo que é meu é teu, absolutamente tudo. O Rafa, ele tem ajudado bastante a segurar as pontas, a me manter forte quando a saudade ta corroendo, machucando, mas falta um pedacinho de mim. Pedacinho mesmo.
Parei pra pensar que eu odeio partidas, despedidas e coisas do tipo, porque nada parte e nada rompe no fim das contas. Todos os dias que eu fico no meu quarto as coisas ao meu redor me fazem pensar em ti, as roupas, os cacarecos, tudinho.
Mas o tênis velho e imundo é talvez a maior das recordações materiais de tudo que nós vivenciamos. Minha pequena, sei que teu coraçãozinho não está bem, e isso que nem falei contigo, mas eu sei, eu sinto aqui dentro. Sei que hoje tu vais sair e contagiar o mundo com o teu sorriso lindo, mas eu sei o que te toca ai dentro, quero que tu lembre sempre que eu vou te segurar, te levantar, que o que não mata, fortalece, que nada é definitivo. E olha meu amor, se tu não tiver mais forças eu te dou a minha. Se teu coraçãozinho estiver machucado demais, eu também te empresto o meu.
Pequena, tens meu tênis sempre que precisar, bem como o meu coração.

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